Por que se diz que o Espírito, para evoluir, precisa se encarnar? No Mundo Espiritual, ele não evolui? Qual a diferença principal entre as duas faixas de evolução quanto ao aprendizado?
Não acreditamos estar de posse dos conhecimentos para respondermos a questões assim profundas, envolvendo decisões do Plano Superior. O que podemos concluir dos ensinamentos múltiplos dos Amigos Espirituais, é que durante a existência na Terra, enquanto somos favorecidos com a permanência no corpo, dispomos de maiores oportunidades para aprendizagem, educação ou reeducação; na aquisição das experiências de que necessitamos para a ascensão definitiva à Vida maior. O corpo, neste caso, funciona como sendo uniforme, num educandário. Sabemos que o corpo, em si, obedece a leis estabelecidas em regime de igualdade para a criação dos demais corpos; cabe-nos, portanto, admitir que, uniformizados pelo padrão de vestuário, na escola da Terra, somos favorecidos com disciplinas que de momento não estimamos receber. Aqui recordamos aqueles alunos dos colégios humanos que, na maioria, muitas vezes não se agradam das disciplinas com que são acolhidos nos estabelecimentos que os recebem, embora, mais tarde, venham a saber que o benefício destas disciplinas é, e será sempre, incalculável para eles todos. Internados no corpo terrestre é que somos instruídos a respeito da necessidade de mais ampla harmonização de nossa parte, uns com os outros, certamente porque, vivendo nas esferas espirituais próximas da Terra, com aqueles que são as criaturas absolutamente afinadas conosco, não percebemos de pronto as necessidades de aperfeiçoamento e progresso. Numa comunidade ideal, com vinte, quarenta ou dez pessoas raciocinando por uma faixa só, estamos tão felizes que corremos o risco de permanecer estanques em matéria de evolução por muito tempo. Beneficiados com a reencarnação, o estacionamento é quebrado de modo natural, para que sintamos a sede de novos conhecimentos, fome de amor e anseio de compreensão, de vez que não ignoramos que sede e fome são fatores que nos obrigam a trabalhar muito. Então, espiritualmente, semelhantes fatores na vida do Espírito estão vigorando para nós todos, com a função de nos estimularem ao burilamento e ao progresso.
Se Deus é bom e inteligente, por que perder tempo com as diferentes reencarnações, para purificação dos espíritos, fazendo a criatura prosseguir na grande escala de diferentes planos espirituais quando seja mais fácil criar o Homem já perfeito? Não haveria uma perde de tempo, digamos assim, muita burocracia nessa viagem Astral?
Admito seja lícito observar que Deus criou o Homem e permitiu que o homem criasse o Robô para avaliar a diferença.
O Sr. acredita que os vegetais sofram um processo de reencarnação? É possível um Ser humano voltar reencarnado num vegetal?
Não, isso nós não podemos admitir porque seria um retrocesso. Ocorre que a evolução dos vegetais se verifica num plano ainda inabordável, especialmente para minha capacidade de compreensão. Mesmo que os Espíritos quisessem me esclarecer sobre isso, eu não teria cérebro para registrar os esclarecimentos em todas as nuances desejáveis.
O homem somente progride por esforço próprio ou também por uma contingência da vida?
Progride através desses dois impulsos. Apenas devemos considerar que, pelas contingências da vida, ele terá um progresso comparado ao da pedra rolante do rio; com o tempo, uma pedra deixará suas arestas no rio natural, enquanto que com os instrumentos chamados ao aperfeiçoamento dessa mesma pedra preciosa se faz muito direito. Por esforço próprio podemos realizar em alguns anos aquilo que, pelas contingências, podemos gastar milênios. Mas, pelo esforço do burilamento pessoal. Através da auto-crítica, do auto-exame. Agora, com o tempo, é de fora para dentro: gastaremos séculos e séculos, e mais séculos.
A mudança de sexo e profissão acarreta ao espírito dificuldades ao seu processo de aperfeiçoamento em reencarnação futura?
Essa modificação, quando súbita, segundo ensinamentos que temos recebido dos Amigos Espirituais, imprime certas dificuldades ao espírito, no seu relacionamento com os outros e na adaptação aos processos de vivência no campo físico, mas não no seu próprio aperfeiçoamento, porque essa mesma alteração e mudança são motivadas para que o espírito, entrando no campo da auto-crítica, encontre em si estímulos e razões para se elevar, aperfeiçoar, buscando sublimar as suas próprias qualidade, sentimentos e pensamentos.
Existe comparação válida entre Sodoma-Gomorra e os tempos atuais?
Os otimistas, digo, com licença deles, dirão talvez que a Terra caminha para mais altos horizontes em matéria de compreensão. E, na certeza de que nunca seremos abandonados pela Providência Divina, acreditam que Deus nos concederá recursos para burilar-nos, no tocante ao amor, a fim de que a sociedade terrestre, depois de longas experiências, possa atingir o máximo de paz e felicidade, no relacionamento comum entre as criaturas que a constituem.
Tudo que existe é um convite à Evolução? Um desafio determinístico situado para além do nosso livre arbítrio?
Admitimos que a evolução, como aprimoramento dos seres, é tão fatal como a vida que desafia a morte para continuar além dela. O quadro de ordenações determinísticas nesse sentido, escapa ao nosso senso humano de apreciação. Isso, no entanto, não invalida a livre escolha em nossos pensamentos na esfera individual, no que tange ao destino dentro da vida. A evolução é fatal, mas, em nós mesmos, dispomos da faculdade de seguir com o carro do progresso ou marginalizar-nos em certas paradas no caminho por nossa própria conta.
Já está havendo intensificação no selecionamento de espíritos para reencarnação, nestes últimos tempos, dadas as freqüentes demonstrações de precocidade?
A intensificação no tratamento seletivo de valores novos para o mundo regenerado de amanhã, na esfera da reencarnação, vem sendo levada a efeito de modo gradativo pela Espiritualidade Superior.
Fontes:
Questões 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, do livro “A Terra e o Semeador” – Editora IDE e do livro “Encontros no Tempo” – Editora IDE.