“Um amigo se queixava ao Chico de seguidos problemas de saúde e indagava-lhe se não havia um meio de ser auxiliado pela Espiritualidade. Após breve silêncio, Chico respondeu:
— Filho, os Espíritos Amigos estão me dizendo que há um pedido seu anterior a esse… Antes de reencarnar, com o objetivo de fugir ao perigo de uma queda espiritual, você deixou um documento assinado na Vida Maior, com testemunhas e tudo, pedindo exatamente a situação que você está enfrentando… Você tem méritos para que o documento seja revogado, mas os espíritos que lhe endossaram o primeiro pedido não vão endossar o segundo…”
“Alguém se queixara a ele das lutas cotidianas. Era espírita, esforçava-se, mas, por vezes, questionava o amparo do Mundo Espiritual… Chico, como de hábito, tudo escutara em silêncio. Quando o amargurado companheiro terminou de enumerar as suas dificuldades, ele falou para que todos, no acanhado recinto em que nos encontrávamos, pudéssemos ouvir:
— Os espíritos não deixam o trabalhador em estado de necessidade… Se estamos trabalhando e estamos sofrendo, é porque, por enquanto, a nossa dívida tem superado a nossa boa vontade em resgatá-la. Jesus nos ensinou que um pai não dá pedra a um filho que lhe pede pão…”
“Contou-nos o Chico que, certa vez, um cientista estrangeiro perguntou a ele sobre a maior prova que ele, Chico poderia fornecer de que o que pregava era verdade…
— A maior prova — respondeu o médium — de que isto não é meu, criação minha, é que, se me deram forças para cumprir com todas as minhas obrigações, familiares e profissionais, honrar todos os meus compromissos até aqui, esperar o casamento de todos os meus irmãos e sobrinhos os quais ajudei a criar, para depois dedicar-me com a liberdade que tenho agora, forças para viver até aqui sem prejudicar a quem quer que seja – então, eu não posso estar sendo vítima de uma ilusão…”
“Certa tarde, em desafabo, no “Abacateiro”, Chico considerou:
— O sanatório seria o meu lugar… Eu vou à reunião é porque preciso… Eu também estou lutando, e lutando muito. Eu sei muito bem o que devo ser mas que ainda não sou – ser aquela pessoa que eu preciso e devo ser em meu próprio benefício. Os espíritos desconhecem as nossas faltas, porque eles também caíram… Eles vêem em mim as qualidades que são deles. Não é por dor de cabeça ou por dor das coronárias que eu não devo estar aqui. Eu preciso… Vida melhor deve começar em nós mesmos. Estamos procurando o caminho da paz, da paz com Jesus Cristo. Recebo os elogios que me são feitos como convites para que eu seja o que ainda não sou…”
“Continuando, digamos, o seu desafabo naquela tarde, Chico assim se expressou:
— Tenho sido até hoje médium de psicografia, não tenho qualidades… Caio todos os dias, preciso do perdão de todos, da tolerância de todos. Não há, na obra de Allan Kardec, nenhuma anotação dando destaque ao médium – a médium algum! Todos caímos, todos podemos cair no ódio, no ressentimento…, mas Deus nos levanta. Se a queda for diária, vamos nos levantar todo dia. O que não podemos é ficar no chão, choramingando…”
“Outra tarde, ainda no “Abacateiro”, Chico comentou rapidamente ao final da reunião:
— É apenas uma frase que o nosso Emmanuel, presente, nos recomenda a atenção, quando Jesus disse: “Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que eu vos aliviarei…” É uma promessa que não envolve nenhum sentido de prodígio ou de suposto milagre. “Vinde a mim”!… Não cogita da procedência dos viajores… Se eram bons, se eram maus querendo ficar bons, se eram meio bons… A marcha não ia parar… “Vinde a mim”!… Não coloca um ponto final em sua marcha própria, não promete também retirar a carga de ninguém – promete que nos aliviaria para continuarmos a marcha… Aliviaria, para quê?! Para continuar o serviço, para continuar a tarefa… Esta frase é muito importante para nossa meditação. “Vinde a mim”!… Seja a nossa situação qual for…”
“Um amigo estava com grave problema na perna. Já se submetera a diversas cirurgias, sem sucesso. Temia pela amputação… Casado, pai de vários filhos, preocupava-se com a situação da família. Em desespero, solicitou de um companheiro que fizesse, por ele, uma consulta a Chico Xavier. Depois de, em silêncio, escutar o relato que lhe era feito, certamente sob a inspiração dos Benfeitores Espirituais que o assessoram, o médium orientou:
— Diga ao nosso irmão que, de fato, o problema dele é grave, é grave mas não é sem esperança… Às vezes, podemos trocar a dor pelo trabalho…
Desnecessário dizer que, dedicando-se com mais afinco às atividades da Doutrina, o nosso amigo ficou completamente restabelecido”.
Trecho do livro “As Bênçãos de Chico Xavier” – Editora DIDIER – Carlos A. Baccelli.