“A prece, para o homem, deve ser uma fonte de inspiração para o trabalho. Ele deve procurar na oração as forças para agir, porque, sem dúvida, a fé sem obras, no dizer de Emmanuel, não passa de uma flor artificial sobre a mesa…”
“Quem mais sofre no mundo é quem tem mais tempo para si mesmo. Quando o sofrimento alheio nos incomoda, o nosso não nos incomoda tanto… Eu tinha que ir para o “Luiz Gonzaga” escutar o povo, escutando aquela fila. Acabava me convencendo de que o que eu sofria não era nada… A gente tem mania de dramatizar em excesso a própria dor!”
“Não há problema que não possa ser solucionado pela paciência. A paciência desarticula os mecanismos do mal… Aquele que não se altera diante da prova, não reagindo às provocações, ignora o mal… A impaciência é a reação que quem nos provoca está esperando. A melhor maneira de frustrar o mal é colocar em prática as sugestões do bem. Não me considero um homem de paciência, mas, se acaso não tivesse aprendido com os Bons Espíritos algo do valor dessa virtude, eu teria criado mais sérios embaraços para a minha própria vida… Os obstáculos no exercício da mediunidade sempre me foram um desafio constante. Não me lembro de um só dia que tivesse atravessado sem problemas…”
“A caridade sempre foi à força que me sustentou, tudo sempre valeu a pena, por causa dela… Quando ficava muito aborrecido comigo mesmo, com as minhas imperfeições e erros, procurava a periferia da cidade, visitando as favelas… Sempre encontrei na prática do bem a mensagem de consolação e o conforto espiritual de que me achava carente! Eu pensava comigo: – “Meu Deus, a minha vida não é tão inútil assim!…” As pessoas se alegravam com a minha presença; eu me sentava com elas e ficávamos longos minutos conversando… Éramos iguais. Ali, eu pensava em muita coisa… Aqueles irmãos e irmãs ignoravam o meu mundo de lutas, as críticas que eu recebia, as calúnias, os ataques da imprensa, a incompreensão dos companheiros… Eu voltava refeito para casa. Trocava um pedaço de pão por energia para o dia seguinte. O sorriso daquela gente me acompanhava… Aquelas senhoras pobres me abençoavam… O médium que vive distante da vivência na caridade não possui retaguarda… Emmanuel me ensinou isto. Ele me dizia: – “Chico, deixemos os nossos escritos; a página mediúnica pode esperar um pouco; é hora de você se reabastecer… Vamos para a periferia!” E eu ia com ele ou ele comigo, não sei… Quando na minha cabeça eu já tinha esquecido tudo, voltava para a psicografia… Sem a caridade, o médium não consegue sustentar o vínculo com a própria espiritualidade!…”
“A questão mais aflitiva para o espírito no Além é a consciência do tempo perdido…”
“…Creio que, tanto na palavra do apóstolo Paulo quanto na expressão de Allan Kardec, o afirma, o aforismo “Fora da caridade não há salvação” ficará mais claramente colocado, em linguagem de todos os tempos, nos termos: “Fora do amor não há salvação”. Nosso caro Emmanuel muitas vezes nos diz que este conceito de “salvação”, na sentença mencionada, vale por “reparação”, “restauração”, “refazimento”… A propósito, habituamo-nos a dizer, com referência a um navio que superou diversos riscos: “O barco foi salvo”… Ou de homem que se livrou de um incêndio: “O companheiro foi salvo do fogo”… Salvos para quê? Logicamente, para continuarem trabalhando ou sendo úteis. Nesta interpretação justa e salutar, reconhecemos que, fora da prática do amor uns pelos outros, não seremos salvos das complicações e problemas criados por nós mesmos, a fim de prosseguimos em paz, servindo-nos reciprocamente na construção da felicidade que almejamos.”
“A caridade é amor, amor é compreensão… A prática do bem aos semelhantes é uma excelente escola para a alma. No exercício da caridade, estamos no exercício de todas as nossas faculdades espirituais…”
Trecho do livro “O Evangelho de Chico Xavier” – Editora DIDIER – Carlos A. Baccelli.