Alguns grupos de mulheres brasileiras estão se movimentando a favor do aborto. Como o mestre Chico Xavier vê o aborto?
Na condição de um servidor muito inexpressivo, sem nenhuma autoridade para emitir opiniões diante de nossos problemas sociais, eu compreendo que, se anos passados houvesse a legalização do aborto, e se aquela que foi a minha querida mãe entrasse na aceitação de semelhante legalidade, legalidade profundamente ilegal, eu não teria tido a minha atual existência, em que estou aprendendo a conhecer minha própria natureza e a combater meus defeitos, e a receber o amparo de tantos amigos, que qual você, como todos aqui, nos ouvem e me auxiliam tanto. Eu não posso compreender a legalização do aborto, conquanto determinadas potências na atualidade do mundo já estejam adotando esse princípio. Acredito que, com o tempo, todos aqueles legisladores e administradores que optarem pela legalização do aborto, todos eles voltarão à retaguarda, porque o aborto é um crime cometido contra criaturas absolutamente indefesas, que esperam a nossa voz para que elas possam viver e facear a vida, e aproveitar os benefícios da vida que chegam de Deus a nós através, da missão, da missão digna da mulher junto do mundo e junto da evolução. A legalização do aborto é imprópria, é uma situação muito difícil e que nós todos deveríamos estar unidos, especialmente as nossas companheiras, as mulheres, as nossas mães, as nossas irmãs, as nossas filhas, aquelas que nasceram conosco, devíamos todos estar unidos contra semelhante abuso contra a lei de Deus, contra a natureza e contra a vida.
Gostaria de saber para onde vão os espíritos que não chegaram a nascer, como no aborto. E eles serão sofredores ou se libertam de sua missão no mundo – transferindo para os que não os desejariam?
A situação do Espírito que passa por um aborto dependerá em muito de suas condições mentais e das conquistas que já conseguiu ao longo dos séculos. Há Espíritos que desencarnam em estado de grande revolta. Nesses casos, imbuídos da idéia de vingança, esses Espíritos recusam-se a toda espécie de auxílio dos Benfeitores Espirituais para obsediarem as mães, pais ou profissionais que concorreram para seu desencarne. Outros, porém, apesar da situação dolorosa por que passaram, retornam às colônias espirituais onde se submetem a tratamentos intensivos e trabalhosos a fim de lograrem novamente o equilíbrio e aguardarem nova oportunidade de reencarne. Entretanto, não devemos nos esquecer que em cada dia refazemos nossos destinos e por mais que tenhamos cometidos faltas, o Evangelho do Cristo se desdobra diante de nós com suas imensas possibilidades de redenção.
Há mães solteiras que abortam por temor a uma moral ou convenção social muito rigorosa frente a tal condição materna. O que poderia dizer-nos acerca de tais preconceitos que induzem, pressionam ou indiretamente favorecem o aborto?
Pensamos, como os Amigos Espirituais, que a existência de mães solteiras, sempre dignas do nosso maior respeito, envolve a existência de pais que não deveriam estar ausentes. Compreendemos a legitimidade das convenções sociais, veneráveis em seus fundamentos, mas entendemos que não nos será lícito menosprezar, em tempo algum, aqueles que não conseguiram se lhes ajustar aos preceitos. Sabendo que o aborto, mesmo legalizado no mundo, é uma falha nossa na Terra, estamos certos de que ninguém deveria praticá-lo, seja no regime das convenções humanas ou fora delas. Cremos, desse modo, que uma legislação surgirá no futuro em favor da mulher, que tendo confiado um dia em alguém, teve coragem de não abandonar a criatura indefesa que esse alguém lhe trouxe à vida. Aguardemos, assim, providências humanitárias, em que os homens mais responsáveis criem por si disposições legais magnânimas, baseadas na justiça da vida, com que venham a sanar a falta deixada pelos outros homens, nossos irmãos, que se fizeram pais, sem consciência mais ampla das obrigações que assumiram.
Já existe uma injeção, à base de ácido que aplicada diretamente no útero da gestante mata o feto, queimando-o. Que dizer dessa prática?
O processo a que se refere a pergunta – no caso do aborto delituoso – é comparável a um assassinato na intimidade do corpo feminino.
Os espíritos abordados perdoam quem prática, consente ou induz ao aborto?
Não nos seria possível especificar as atitudes da criatura humana nos problemas do aborto delituoso. A esfera dos espíritos desencarnados, mais profundamente vinculados à existência, é semelhante à faixa de ação dos homens, propriamente considerada. Temos irmãos desencarnados aptos a perdoar a irresponsabilidade da mulher ou do homem que pratica ou incentiva aborto delituoso. Existem, também, aqueles outros que influenciam negativamente na gestação e no desenvolvimento da criança nascitura, em lastimáveis processos de obsessão.
As experiências dos humanos em relação aos anticoncepcionais e ao aborto são válidas?
Estivemos há alguns dias diante da questão semelhante. O problema dos anticoncepcionais está em foco. Ninguém pode deter a marcha dos anticoncepcionais na Humanidade. Seria sustentar uma ilusão se fôssemos asseverar o contrário. Acreditamos que os anticoncepcionais merecerão agora, e em futuro próximo, estudos mais acurados da ciência médica, para que o uso deles não se faça indiscriminado. E que esse uso seja proveitoso na preservação dos valores da saúde, da higiene, do equilíbrio físico e mental e da segurança e paz da Humanidade. Cremos, também, e cremos com a palavra dos Amigos Espirituais. Estamos apenas transmitindo instruções que temos recebido do Espírito de Emmanuel e de outros Benfeitores Espirituais nos últimos tempos. Cremos com os Amigos Espirituais, repitamos, que os anticoncepcionais estão chegando à esfera humana como socorro da Providência Divina, para que não nos comprometamos com o aborto tocado de irresponsabilidade e, às vezes, até legalizado por princípios de governança pública, como está acontecendo em diversos países. A criança-embrião é um ser vivo indefeso. O aborto é um delito difícil de ser classificado, porque a vítima está absolutamente incapaz de operar na própria defesa. Acreditamos que à pratica do aborto consciente, indiscriminado, e até apoiado por leis, devemos preferir os anticoncepcionais que poderão merecer estudos específicos da ciência e beneficiar a Humanidade dentro de um campo de limitação razoável na família, nos tempos que correm, quando os filhos dão trabalho e exigem muito esforço dos pais.
O aborto está sendo liberado em quase todo o mundo. O Sr. acredita realmente nas tendências cristãs do povo brasileiro para rechaçar uma medida como esta?
Felizmente parece que, no Brasil, pelo menos a maioria das autoridades (sejam elas de caráter administrativo ou religioso) é contrária a essa calamidade de legalização do aborto. Acreditamos que em muitos países, talvez pelo interesse em conter a explosão demográfica, determinados setores apoiaram ou apóiam o aborto legalizado. Mas acreditamos que essas nações voltarão a fazer uma reconsideração de comportamento em relação ao assunto, porque em qualquer ocasião de conflito internacional a questão do incentivo à maternidade é largamente praticado, porque em todos os setores surge logo o estímulo ao nascimento de muitas criaturas. Como estamos no Ocidente, sem grandes guerras desde 1945, em nos referindo à vida ocidental propriamente considerada, muitas nações estão acatando a legalização do aborto, um triunfo para as nossas irmãs, as mulheres, mas acreditamos que esses países, futuramente, voltarão a fazer uma revisão dessa legislação. Na condições de cristãos, não podemos apoiar o aborto, que seria um crime sempre cometido com absoluta impunidade entre as paredes domésticas. Acreditamos que o anticoncepcional é um recurso que nos foi concedido na Terra pela Divina Providência para que a delinqüência do aborto seja sustada, uma vez que a criatura humana, por necessidade de revitalização de suas próprias forças orgânicas, naturalmente precisará do relacionamento sexual, entre os parceiros que estão compromissados no assunto, mas usarão esse agente anticoncepcional para que o crime do aborto seja devidamente evitado em qualquer parte do mundo. Mais hoje, mais amanhã, as nações entrarão em acordo a esse respeito, porque não é possível que estejamos exterminando crianças absolutamente personificadas, formadas, vivas, com o apoio das autoridades que nos governam. É absolutamente impossível aplaudir uma coisa dessas.
Fontes:
Questões 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, do livro “Entender Conversando” – Editora IDE, do livro “Entrevistas” – Editora IDE, do livro “Plantão de Respostas” – Editora CEU e do livro “Lições de Sabedoria” – Editora FEB.