1 – CONCEITOS
1.1 – GENÉRICO
— É a preocupação contínua com determinada(s) idéia(s), que domina(m) doentiamente o Espírito, resultante(s) ou não de sentimentos recalcados. Comumente é designada como “idéia fixa“. Exemplos: – A antipatia gratuita e desarrazoada de alguém que nunca teve qualquer ação prejudicial para com a pessoa; a ambição desmedida; a avareza; a inveja; o ciúme; a higiene exagerada.
1.2 – DOUTRINÁRIO
— “É a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indíviduo”. Os Espíritos inferiores, assim procuram exercer influência e induzir certas criaturas a procedimentos inconsistentes com suas características de personalidade. É a influenciação diuturna e constante sobre pessoas invigilantes em seus pensamentos, estabelecendo-se como que uma “sintonia”, uma permuta ou mesmo uma simbiose de vibrações inferiores.
2 – IMPORTÂNCIA
“No número das dificuldades que a prática do Espiritismo apresenta é necessário colocar a obsessão em primeira linha”. Realmente, podemos afirmar, sem qualquer receio de estarmos exagerando, que não se passa um só dia na nossa vida de encarnados sem que, ao menos por uma vez sejamos obsidiados; obviamente, podemos resistir à interveniência malsã de Espíritos inferiores, mas a afirmativa é irretorquível.
Os Bons Espíritos não procuram constranger quem quer que seja; por conseqüência, inexiste obsessão da parte de Espíritos evoluídos.
3 – TIPOS
3.1 – OBSESSÃO SIMPLES
Verifica-se pela insinuação insidios de um Espírito inferior à mente de uma criatura, em virtude de sua invigilância, seus maus costumes ou seu procedimento inconsistente com as Leis Morais. O indíviduo, neste estágio obsessivo, é o cognominado “Maria vai com as Outras”. É o integrante da “multidão”, que age de certa forma porque “todo mundo faz”.
Exemplo: Fuma porque “fumar é bonito”, prova de machismo ou feminismo (idéias colocadas nas mentes pelos Espíritos inferiores).
3.2 – FASCINAÇÃO
É um estágio obsessivo bem mais avançado. A influenciação do Espírito inferior, encontrando campo fértil na mente da pessoa, vai assumindo foros de tamanho valor que, de certa forma, fica inibida a capacidade de crítica e discernimento do obsidiado, que passa a aceitar as idéias mais sem nexo ou fundamento, a tomar atitudes incoerentes, apaixonadas e desarrazoadas. O Espírito obsessor obtura-lhe o senso crítico e o obsidiado toma como verdades irrefutáveis os maiores absurdos, assumindo, as mais das vezes, atitudes e posições ridículas.
“Quando da fascinação, o Espírito obsessor conduz sua vítima como se faz a um cego”. Não é sem motivo, destarte, que tomamos ciência, eventualmente, de procedimentos individuais ou coletivos que nos causam o maior espanto, porque os homens mais atilados, mais instruídos, não estão isentos da fascinação.
3.3 – SUBJUGAÇÃO
— No processo de subjugação, há envolvimento tal da parte do obsessor, que se produz a paralisação da vontade da vítima, constrangindo-a a agir em conforto com sua própria vontade.
3.3.1 – SUBJUGAÇÃO MORAL
– O indivíduo é levado a tomar decisões absurdas e comprometedoras, que considera, no entanto, sensatas. Assemelha-se em muito à fascinação, mas enquanto nesta existe alguma intermitência, na subjugação o processo é contínuo.
3.3.2 – SUBJUGAÇÃO CORPÓREA
— Caracteriza-se pela constrição ao obsidiado fazer gestos independentes de sua vontade: trejeitos, esgares, tiques nervosos, bem como permanentes estados de irritação. É, em geral, tido como louco, pelos conhecidos e familiares.
4 – A OBSESSÃO COMO FUGA
Muitos são os que, inconscientemente, adquirem hábitos e costumes, os chamados “hobbies”, para dar vazão à impulsão dos Espíritos menos felizes. É comum a obsessão como fuga no período do carnaval, na freqüência a jogos de futebol, corridas de cavalo, etc, ou mesmo as pescarias.
5 – A OBSESSÃO COMO DOENÇA
É carregada de sapiência a frase lapidar: “Mens sana in corpore sano”- “Mente sã em corpo sadio”, pois a obsessão como doença é a via de duas mãos de tráfego:
5.1 – PSICOSSOMÁTICO
— Da mente para o corpo. Os estudos da Doutrina concluíram que não existem doentes mas sim doenças. É pura verdade. A mente abriga o Centro Vital Coronário, presidente de todos os demais núcleos energéticos que tangenciam o corpo carnal ao perispírito. O destrabelhamento mental repercute, via centro coronário, no distúrbio do corpo. A hipocondríase – mania de doença – é a maior prova disto.
5.2 – SOMATICOPSÍQUIO
Do corpo para a mente. Caracteriza-se pela superestimação de qualquer ocorrência ao vaso físico, atribuindo-lhe valor que efetivamente não tem.
6 – MODALIDADES DE OBSESSÃO
São variadas, de criatura para criatura donde a grande dificuldade terapêutica, muitas vezes.
6.1 – DE ENCARNADO PARA ENCARNADO
— É o domínio mental exercido de criatura sobre criatura. Muito comum entre nós. Processa-se pelos sentimentos menos dignos: ciúme, inveja, paixão, ódio, orgulho, em geral usando como meio a chantagem emocional.
6.2 – DE ENCARNADO PARA DESENCARNADO
Advém da inconformidade para com a Justiça Divina, do descontrole emocional, na maioria das vezes quando há o desencarne de um ente querido prematuramente, ou por força de acidente. É tão malévola quanto todas as demais modalidades e denota uma tendência egoística extremada. Como o pensamento é “energia coagulada”, seja qual for a natureza das vibrações emitidas com respeito ao desencarnado, elas alcançarão seu Espírito, balsamizando-o ou lacerando-o, mas, de qualquer forma, trazendo-lhe lembranças da Vida Terrena.
6.3 – DE DESENCARNADO PARA ENCARNADO
Aparentemente, nesta modalidade reside a maior incidência obsessiva, dada a maior facilidade de atuação mental dos Espíritos em estágio no Plano Maior sobre os jungidos ao corpo carnal. É de lembrar-se, de qualquer sorte, que somente as vibrações compensadas podem propiciar o processo obsessivo. Isto quer dizer que o obsidiado coopera ativamente para que a obsessão ocorra, mantendo sua postura moral incompatível com a verdadeira busca da evolução e do melhoramento espiritual.
6.4 – DE DESENCARNADO PARA DESENCARNADO
Quando do desencarne, o homem leva para o Plano Maior, em seu retorno, a bagagem moral que tenha obtido em sua vida no mundo. A vida prossegue naturalmente, só em outra dimensão. As criaturas continuam as mesmas, com suas virtudes e seus defeitos. No livro “Voltei”, do Irmão Jacob, e na coleção de André Luiz, mormente em “Nosso Lar”, temos variados exemplos desta verdade. Existem, pois, Espíritos que, não logrando alcançar seus desafetos quando encarnados, esperamos na Vida Maior, para tirarem a inelutável “forra” do passado que não lograram esquecer. É citada na literatura espírita, em variados livros, a existência de organizações similares às da Terra – na verdade, suas inspiradoras – voltadas exclusivamente para a prática da “justiça”, qual entendida pelos irmãos felizes que nelas trabalham. Os Espíritos, nesses redutos, são submetidos a torturas do molde inquisitorial por outros em estágio ainda mais inferiorizado e aferrados ao mal. Se o Espírito é eterno, seus ajustes com a Lei Divina, via Causa e Efeito, são também perenes. Nada mais justo e compreensível. É a memória perispiritual, completamente apagada em uns, quando na carne, mas com resquícios de lembranças, para outros, que, torna ainda possível a existência dos “infernos” e “purgatórios”.
6.5 – OBSESSÃO RECÍPROCA
Trata-se da vibração em desequilíbrio compensada numa exata faixa de onda mental. O mesmo ódio que nutre um dos obsessores é o alimento do outro. Aparentemente existe sofrimento de parte a parte, mas a obsessão assim mantida traz satisfação e nutre os sentimentos inferiores dos envolvidos no malévolo processo. Muita vez, tamanha é a força vibratória negativa, que a simbiose obsessiva transforma-se em simbiose física. É o caso dos gêmeos xipófagos, que assim vêm ao mundo porque acham-se jungidos, quiçá por séculos, pelo ódio comum.
6.6 – A AUTO-OBSESSÃO
É um processo doentio em que o Espírito desenvolve a autopiedade, a autocomiseração, a auto- insatisfação. É mais comum do que pode ser imaginado. Não são poucos os que não aceitam o corpo com que reencarnaram, achando-se injustiçados por Deus. Se perfeitos em corpo físico, condenam-se por não terem inteligência brilhante; se deficientes físico de nascença, imprecam contra Deus porque “os fez assim”. Se macerados em acidentes, não conseguem aceitar a “má sorte”. É de citar-se, ainda uma vez, os hipocondríacos, os claustrófobos, etc. Obviamente, os Espíritos inferiores encontram campo fértil nos que desenvolvem tais processos mentais.
7 – CAUSAS DA OBSESSÃO
Sendo um processo tipicamente espiritual e mental, as causas e motivos da ocorrência de obsessões perdem-se no tempo e no espaço. Ocorre, contudo, com mais facilidade, pelos seguintes motivos:
— Deficiências morais;
— Vingança de Espíritos inimigos já desencarnados;
— Mediunidade não desenvolvida;
— Mediunidade mal empregada.
Se a quisermos situar no tempo e no espaço, terá origem:
No passado – pela aplicação da Lei de Causa e Efeito;
No presente – pela natureza das ações e atitudes tomadas pela criatura;
No futuro – pelo desenvolvimento de ideais desequilibrados.
Por isso, Allan Kardec ressaltou, com a habitual maestria, a grandiosidade do ensino de Jesus em seu Evangelho: “Estai de sobreaviso, vigiai e orai; porque não sabeis quando é o tempo”. (Marcos – Cap. 13 V. 33).
BIBLIOGRAFIA
“O Evangelho Segundo o Espiritismo” – Allan Kardec – LAKE
“Obras Póstumas” – Allan Kardec – LAKE
“O Livro dos Médiuns” – Allan Kardec – LAKE
“Pensamento e Vida” – Fracisco Cândido Xavier/Emmanuel – FEB
“Obsessão/Desobsessaão” – Sueli Caldas Schubert – FEB
Fonte:
Matéria extraída da revista informação ANO XVI Nº 182 Janeiro de 1992, escrita por Gil Restani de Andrade.