A Doutrina Moral que o Cristo deixou como mensagem para os homens é a expressão mais pura das Leis de Deus.
Nelas se encontram revelações antigas, reafirmadas ou retificadas, assim como novas verdades e realidades não percebidas até então, apesar de estarem na Natureza.
Jesus sabia e sabe das dificuldades dos homens para apreenderem as leis naturais.
Quando Allan Kardec indaga dos Espíritos Reveladores “Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para servir de guia e modelo?”, a resposta, pronta e sintética, é – “Jesus” (O Livro dos Espíritos – questão 625).
Esse esclarecimento da Espiritualidade Superior quanto ao modelo da perfeição moral a que toda a humanidade pode aspirar na Terra é peremptório, indiscutível, definitivo, como ensinamento.
Perlustrando a história do homem neste Orbe verificamos que, em todos os tempos, houve missionários, fundadores de Religião, filósofos, Espíritos Superiores que aqui encarnaram, trazendo novos conhecimentos sobre as Leis Divinas ou Naturais com a finalidade de fazer progredir os habitantes deste Planeta.
Entretanto, por mais admiráveis que tenham sido suas missões, nenhum se iguala ao Cristo de Deus.
Mesmo porque todos eles estiveram a serviço do Mestre Incomparável, o Guia e Governador Espiritual deste mundo de expiação e provas.
Criaturas imperfeitas, vivendo e revivendo em um mundo atrasado como é a Terra, as lições da Vida e os ensinos morais nem sempre são apreendidos na sua verdadeira significação.
Além disso, princípios das leis divinas conhecidos há milênios foram adulterados, no todo ou em partes, por intérpretes e usos e costumes de povos e civilizações, antes e depois da vinda do Cristo.
Assim, a evolução humana é complexa e lenta.
No campo do conhecimento, o progresso científico e tecnológico acabou por beneficiar grandes contingentes da Humanidade, principalmente quando os meios de transportes e comunicação se aperfeiçoaram.
No terreno moral-espiritual, entretanto, o progresso é lento e difícil, porquanto depende de cada indivíduo, que precisa aprender, assimilar e vivenciar cada aspecto da Lei Divina.
Ora, em qualquer época, desde os tempos primitivos, passando por todas as civilizações até a atualidade, o homem terreno tem demonstrado rebeldia no tocante à sua transformação moral.
Dotado de livre – arbítrio para aceitar ou não as regras comportamentais e princípios morais, sua inteligência e sua sensibilidade dificultam muitas vezes seu progresso, para atender seus interesses imediatos, num mundo material como o nosso.
Diante desse quadro real, que expressa resumidamente a realidade da vida de bilhões de criaturas humanas que encarnam e reencarnam inúmeras vezes na crosta terrestre, torna-se mais fácil compreender o planejamento do Governador Espiritual da Terra para redimir seus habitantes.
Durante milênios enviou seus emissários para instruir povos, raças e civilizações com conhecimentos e princípios da lei natural.
Depois, há dois mil anos, veio pessoalmente ratificar ou retificar os conhecimentos já existentes, deixando a Boa Nova como patrimônio de todos os terráqueos.
Mas em sua mensagem e em sua exemplificação, sabendo que o homem tem propensão natural para evoluir no campo intelectual, deu ênfase ao conhecimento e à prática das leis morais que regulam a vida e o aperfeiçoamento moral.
Para obviar e contornar as deturpações de sua Mensagem, Ele mesmo previu a vinda futura de outro Consolador, com a incumbência de repor as coisas nos seus lugares, vale dizer, retificar as deturpações de seus ensinos pela ignorância e interesses dos homens.
Não resta dúvida de que o Consolador Prometido é a Doutrina Espírita que, a partir dos meados do século XIX, foi trazida pela Plêiade de Espíritos Superiores sob a orientação do Espírito de Verdade.
É o próprio Cristo que retorna, após mais de dezoito séculos, repetindo para os homens o ensino das Leis de Deus.
Agora, a nova Mensagem já não necessita da linguagem alegórica nem das parábolas, para atender a dificuldade de entendimento dos homens de há 2000 anos. Mas, como advertem os próprios Espíritos Reveladores, é necessário “que a verdade se torne inteligível para todo o mundo”, e acrescentam:
“A nossa missão consiste em abrir os olhos e ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas: os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos possam julgar e apreciar com razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a Lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade”. (O Livro dos Espíritos – q.627).
Não poderiam ser mais claros os Espíritos do Senhor incumbidos da Terceira Revelação, quanto à missão de retransmitir aos homens a Doutrina de Jesus.
Não só no trecho transcrito, mas em várias passagens dos livros da Codificação, está evidente o verdadeiro caráter da Doutrina Espírita, revivência dos ensinamentos do Cristo.
A autêntica Doutrina Cristã é a que resulta dos ensinamentos e exemplificações de Jesus, o Cristo de Deus, não dos que são apresentados pelas diversas religiões ditas cristãs, com suas interpretações, tradições, dogmas, cultos exteriores e interesses diversos, que se acumularam ao longo do séculos.
O Espiritismo revive o Cristianismo do Cristo e não o das igrejas e seitas que se formaram à sombra dos ensinos de Jesus, mas que deles se desviaram por múltiplos fatores.
Aos Espíritas sinceros cumpre não perder de vista essa realidade de suma importância – a total vinculação do Espiritismo com os ensinos de Jesus, o Cristianismo primitivo, pela base moral comum a ambos, sem desvios impostos pelo interesse dos homens.
O ensino moral do Cristo, como observa criteriosamente Allan Kardec, é o Código Divino diante do qual a própria incredulidade se curva.
Realmente, filósofos, pensadores, historiadores, pesquisadores das mais variadas tendências rendem-se à personalidade ímpar de Jesus, o Cristo.
Exemplo disso é Ernesto Renan, pesquisador e historiador arguto, racionalista e independente afirmar:
“Portanto Jesus não poderia pertencer unicamente aos que se apelidam seus discípulos. É a honra comum a todos os que tem coração de homem. A sua glória não se consiste em estar retirado da História; presta-se-lhe mais verdadeiro culto mostrando que toda a história é incompreensível sem Ele”.
A figura de fulgor resplandecente do Filho de Deus e do Filho do Homem, como Ele se declarava, continua sempre, em todos os tempos, como o Guia Espiritual da Humanidade terrena, amando-a e instruindo-a com paciência infinita.
Calcula-se que já se tenha escrito mais de cinquenta e cinco mil obras sobre Jesus Cristo.
Jamais houve outra personalidade que possa aproximar-se do Mestre Incomparável, mesmo de longe. Daí a fascinante atração que Ele exerce sobre os mais privilegiados pensadores quanto sobre os mais humildes corações.
O consolador, a Doutrina Espírita, é o Cristo de volta ao mundo com sua doutrina. É a continuação da obra cristã, aclarada pelo pensamento dos Espíritos Reveladores a serviço do Mestre e Modelo.
Fonte:
Texto extraído do “Jornal Luzes do Caminho” – Juvanir Borges de Souza – Goiânia