Aguardas a melhora que parece tardia…
Suspiras em vão pelo amigo ideal…
Anseias inutilmente pela concórdia doméstica…
Clamas debalde pelo socorro em serviço…
Todavia, mesmo nos transes mais duros, espera com paciência.
Ontem devastamos Iares alheios.
Hoje é preciso reconstruí-los.
Ontem traçamos caminhos de lodo e sombra aos pés dos outros.
Hoje é preciso purificá-los.
Ontem retínhamos sem proveito a fortuna de todos.
Hoje é preciso devolvê-la em trabalho, acrescida de juros.
Ontem cultivamos aversões.
Hoje é preciso desfazê-Ias, a preço de sacrifício.
Ontem abraçamos o crime, supondo preservar-nos e defender-nos.
Hoje é preciso reparar e solver.
Ontem cravamos no próximo o espinho do sofrimento.
Hoje é preciso experimentá-lo por nossa vez.
Se sobes calvário agreste, irriga em suor e pranto a senda para o futuro.
Qual ocorre ao enfermo que solicita assistência adequada antes da consulta, imploraste, antes do berço, a prova que te agracia.
Aspirando a sanar as chagas do pretérito, comissionaste o próprio destino para que te entregasse à existência o problema inquietante e a frustração temporária, o embaraço imprevisto e a trama da obsessão, o parente amargoso e a doença difícil.
Não atraiçoes a ti mesmo, fugindo ao merecimento da concessão.
Milhares de companheiros desenleados da carne suplicam o ensejo que já desfrutas.
Mergulhados na dor maior, tudo dariam para obter a dor menor em que te refazes.
Desse modo, quando estiveres em oração, sorvendo a taça de angústia, na sentença que indicaste a ti próprio diante das Leis Divinas, roga a bênção da saúde e a riqueza da paz, a luz da consolação e o favor da alegria, mas pede a Deus, acima de tudo, o apoio da humildade e a força da paciência.
Francisco Cândido Xavier pelo espírito de Emmanuel
Do livro Religião dos Espíritos, editora FEB.