Cearense de Riacho do Sangue, Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu há 29 de Agosto de 1831. Filho de Antonio Bezerra de Menezes e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra, após completar sua instrução básica, embarcou para a capital do império em 1851, a fim de matricular-se na Faculdade de Medicina.
No Rio de Janeiro, a despeito de grandes sacrifícios para o custeio de seus estudos, doutorou-se em medicina no ano de 1856, tomando posse no ano seguinte como membro da Academia Emperial de Medicina de cujos anais foi redator de 1859 a 1861.
Engressa no Exército em 1858, como cirurgião-tenente, assistente do cirurgião-mor do Exército na época, o Dr. Manuel Feliciano Pereira de Carvalho. Ainda no ano de 1858 casa-se com a Sra. Maria Cândida de Lacerda que no ínicio de 1863 desencarna, deixando-lhe dois filhos. Após o falecimento de sua esposa buscava conforto para tamanha dor em diversos livros sagrados trazidos por amigos, entre eles “O Livro dos Espíritos” (Allan Kardec) que o convencia da verdade do Espiritismo.
Mas a confirmação só veio quando uma doença (dispepsia) o visitou e a medicina oficial durante cinco anos não o proporcionava menor alívio. Com isso, recorreu a um médium receitista (O Sr. João Gonçalves do Nascimento) que receitou-lhe um tratamento esprítia e após ter seguido corretamente obteve a cura. Já em franca atividade médica demonstrava o grande coração que iria semear até o fim do século, sobretudo entre os menos favorecidos da fortuna, o carinho, a dedicação e o alto valor profissional, firmado em brilhante curso.
Foi justamente o respeito e reconhecimento de numerosos amigos que o levaram à Política, elegendo-se Bezerra de Menezes vereador à Câmara Municipal do Rio de Janeiro e deputado federal numerosas vezes, perfazendo quase trinta anos de vida parlamentar. Em 1865 casa-se em segundas núpcias com a Sra. Cândida Augusta de Lacerda Machado; de seu segundo casamento nasceram sete filhos. De 1878 a 1881 foi Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, cargo na época correspondente ao de Prefeito Municipal. Já há alguns anos Bezerra se dedicava ao estudo da doutrina de Kardec, mas foi a 16 de Agosto de 1886, aos 55 anos de idade, que perante grande público no salão de conferências da Guarda Velha em longa locução, justificou a definitiva opção de abraçar os princípios da consoladora doutrina. Daí por diante foi Adolfo Bezerra de Menezes o catalizador de todo movimento espírita na pátria do Cruzeiro, exatamente como preconizara Ismael na citada reunião da Espiritualidade.
Com sua cultura privilegiada, aliada ao descortino de homem público e ao seu inexcedível amor do próximo, conduziu o barco de nossa doutrina por sobre as águas atribuladas pelo iluminismo fátuo, pelo cientificismo presunçoso que pretendia deslustrar o grande significado da codificação kardequiana.
Presidente da Federação Espírita Brasileira em 1889, ao espinhoso cargo foi reconduzido em 1895 quando mais se agigantava a maré da discórdia e das radicalizações no meio espírita, apenas deixando a posição de timoneiro dos destinos do movimento espírita brasileiro em 1900 com seu desenlace. Escritor fecundo, entre 1887 e 1894 assinou semanalmente, sobre o pseudônimo de Max, artigo sobre o espiritismo no Jornal O Paiz, periódico de maior circulação da época, dirigido por Quintino Bocaiuva.
Tais crônicas em que se reconhece um dos mais importantes trabalhos de divulgação da Doutrina Espírita foram posteriormente enfeixadas em três volumes pela Federação Espírita Brasileira com o título Espiritismo-Estudos Philosophicos, editados na cidade do Porto.
Em sua profícua produção literária destacamos ainda os romances A Casa Assombrada, Casamento e Mortalha, A Tese Diagnóstico do Cancro, o estudo A Loucura Sob Novo Prisma, com importantes considerações sobre a ideologia das perturbações mentais, Uma Carta de Bezerra de Menezes em que dá conta de sua conversão ao espiritismo. Outros trabalhos exornam sua extensa produção, dedicada inteiramente a difusão dos princípios kardequianos.
O ano de 1900 já o encontra enfermo, ocorrendo sua desencarnação na manhã de 11 de Abril em meio a tocantes manifestações de amizade e respeito. Ascende, assim, ao plano espiritual após 69 anos de duros labores na terra, o grandioso espírito daquele carinhosamente chamado Médico dos Pobres, que em vigílhas incontáveis percorria os morros em socorro dos enfermos humildes, batia as portas de lares em sofrimento nos subúrbios modestos do Rio de Janeiro para com sua presença amiga lenir as dores e muitas vezes atenuar a fome ou as perturbações espirituais.
Fonte:
Bezerra, Chico e Você – Editora GEEM e Bezerra de Menezes Ontem e Hoje – Editora FEB.