Até que ponto os espíritos desencarnados podem nos influenciar no aspecto obsessivo?
O assunto é complexo e não podemos saber pormenores sobre esta tese, de vez que somos bilhões, com alguns bilhões de espíritos reencarnados e a maior parte sofre a influência de espíritos menos felizes ou menos preparados para a Vida Superior. A obsessão tem sido ampliada de tal maneira que ela assume aspectos múltiplos em qualquer demonstração que se queria fazer. Sendo uma situação tão difícil, o “não julgueis” da palavra de Nosso Senhor Jesus Cristo deve estar em nossa consciência. Assim, devemos viver de tal maneira que sejamos nós mesmos e não o reflexo de espíritos estranhos a nossa vontade de seguir para frente no aprimoramento individual.
A epilepsia será sempre resultado do processo obsessivo?
Às vezes sim, outras vezes não. Entendemos, porém, que o problema nervoso está presente em todos os fenômenos considerados epileptóides, porquanto, o próprio traumatismo da criatura no campo emocional, pode gerar determinadas manifestações epileptóides sem a presença de espírito obsessor.
Até onde e até quando um ou mais espíritos obsessores podem causar danos no Plano Físico a indivíduos desprovidos de certo amparo no Plano Espiritual?
Nossos Amigos Espirituais observam sempre que não há desamparo no Universo. A Misericórdia de Deus nos alcança em todos os setores e em todas as situações, e desde que tenhamos já algum conhecimento para ensaias os nossos passos nas estradas evolutivas, por nós mesmos, vamos criando em nós recursos de auto-proteção. Então, podemos observar: se temos cuidados especiais para com os nascituros, para com aqueles que ainda não chegaram à vida física e que estão em trânsito para o nosso campo de trabalho, com o concurso das nossas grandes benfeitoras que são as nossas mães, se temos cuidados especiais para com aqueles que vão chegando, organizando casas especializadas de socorro, de assistência, se o nosso próprio lar é um ninho de amor e de proteção para a criança, quando a criança demanda esse auxílio pela fraqueza em que ela se encontra na obra de Deus, também os espíritos que se encontram ainda muito insipientes no conhecimento próprio merecem considerações e bênçãos especiais dos Espíritos Superiores. Então, devemos catalogar os assuntos de obsessão, encarando esses assuntos de acordo com a nossa própria natureza. Um espírito obsessor terá tanto poder sobre nós, quanto seja o poder que facultamos a esse espírito de nos obsedar. O obsessor tem sobre nós a influência do tamanho da nossa capacidade de atraí-lo para o nosso campo de ação. Poder-se-á observar, por exemplo, que, muitas vezes, encontramos, nos sanatórios, irmãos nossos em condições precárias da mente, do cérebro, e que já não podem mais criar qualquer fibra de resistência, mais aí o assunto já transcendeu à nossa possibilidade de estudar, porque estamos estudando o caso conosco que estamos conscientes das nossas responsabilidades. Se não nos guardarmos, se não nos defendermos, se não nos liberarmos antes do complexo de culpa, dessa calamidade que nós chamamos de remorso, então vamos atravessando as linhas fronteiriças da perturbação e depois o império das forças inferiores sobre nós, então o assunto já é pertinente a considerações outras que não as desta hora em que estamos estudando o problema da obsessão com a nossa inteireza de conhecimento para sabermos, muito bem, discernir o que é bom e o que não serve para nós.
Que poderia dizer das obsessões em massa que se verificam no mundo, atualmente?
Um assunto dos mais palpitantes, e que nos obriga a trabalhar intensivamente pela difusão dos princípios-cristãos, porque consideramos cada reunião espírita na base do Evangelho como reunião dedicada ao trabalho de desobsessão. Em nossas Casas Espíritas, em nossos contatos públicos, estamos também trabalhando em desobsessão intensiva, isto é desobsessão em massa, já que estamos observando muitos problemas da obsessão igualmente em massa.
Os espíritos desencarnados em desequilíbrio, influem sobre os encarnados, a ponto de subtrair-lhes o livre arbítrio? Como e quando?
Não. Na condição de cristãos, sobretudo porque antes da Codificação da Doutrina Espírita, já possuímos, no Evangelho de Jesus, explicações muito claras quanto à nossa responsabilidade de viver, é impossível admitir que uma criatura, encarnada ou desencarnada, consiga furtar o livre arbítrio nas fontes do nosso pensamento. Às vezes, estudamos o assunto quando já nos achamos encarcerados nas conseqüências de ações complexas ou infelizes praticadas por nós, seja nesta vida ou em vidas passadas. Nessas circunstâncias, somos impulsionados a crer que o Espírito obsessor encontra em nós afinidades ou raízes de ligação com as quais se harmonizam conosco, quando, na realidade, são companheiros nossos, da existência atual ou de outras eras que passam a integrar conosco verdadeira legião de criaturas perturbadas. Por isso mesmo, Jesus, certa feita, conforme as narrativas do Evangelho, declarou que determinado Espírito obsessor trazia o nome de Legião. Em vista disso, a criatura, quando está positivamente obssediada, pode estar refletindo toda uma falange de espíritos infelizes que se afinam com ela. Processo obsessivo, a nosso ver, é problema de harmonização ou de aceitação, no mecanismo de nossos relacionamentos recíprocos.
Desejaríamos saber a sua opinião sobre a melhor maneira de nos isolarmos contra os espíritos perseguidores.
Nosso querido Emmanuel habitou-me a dois métodos de libertação gradativa – o primeiro é a oração, pelo qual nos lembramos de Deus; e o segundo é o serviço pelo qual nos esquecemos de nós.
Quais os métodos terapêuticos ideais contra o processo obsessivo?
Os Bons Espíritos são unânimes em afirmar que quanto mais nos melhorarmos em Espírito, menores serão sempre as nossas possibilidades de ligação com as forças desequilibradas das sombras.
O que diria sobre o grande número de obsessões?
Consideramos ainda o caso da insatisfação. Nós perdemos o contato com Cristo, que é a Luz Divina para nossa consciência e, de imediato, criamos tomadas para o domínio das sombras. Aí, a obsessão pode surgir. Surgir com os traumas psicológicos, com as doenças mentais que estão devidamente catalogadas pela Medicina para tratamento adequado. Mas, creio que se nos ajustarmos aos princípios evangélicos respeitando-nos mutuamente, cada qual no seu setor, com o cumprimento dos nossos deveres, a obsessão também diminuirá, caminhando para o desaparecimento completo.
Os espíritos obsessores agem com mais facilidade durante o período de sono de suas vítimas? Qual a arma ideal para nos defendermos contra semelhante influência?
Tanto no sono quanto na vigília, pelo que nos é facultado saber, a melhor vacina contra a incursão de processos obsessivos é a nossa permanência no trabalho do Bem ao próximo, até que venhamos a adquirir a sublimação espiritual que nos tornará invulveráveis ao assédio de nossos irmãos menos felizes.
Considerando que uma obsessão perdure por toda uma vida, a alma obsidiada terá alcançado alguma luz devido ao sofrimento passado, mesmo que não tenha tido a chance de se regenerar?
Viver sob o jugo de uma obsessão renitente é com certeza produto de uma estreita ligação entre o obsessor e obsediado, uma vez que esse processo não se dá numa única direção. Ou seja, existem sempre inúmeras razões que sustentam um vínculo dessa natureza entre dois espíritos. O fato do espírito encarnado viver nessas condições não lhe habilita juntar dividendos positivos sem nenhum esforço, pois se seu sofrimento não carregar uma dose considerável de perdão e de amor, dificilmente o obsidiado conseguirá se livrar de seu obsessor. Mas, ao contrário, se aquele que sofre a obsessão procura adotar a postura correta diante do fato, agindo com verdadeira resignação e sentimento de amor fraternal, estará, com certeza, resgatando seu débito, ao mesmo tempo que auxilia seu algoz.
As drogas podem ser responsáveis por loucuras ou obsessão?
A esse respeito o nosso André Luiz tem conversado muitas vezes comigo, naturalmente, tentando vencer a minha ignorância de criatura sem recursos acadêmicos, para dar à sua palavra a interpretação necessária. Os Espíritos Amigos, representados na sua pessoa, nos dizem que não só a viciação pelo ácido lisérgico, ou por um outro alcalóide qualquer, opera a viciação de nossa vida mental. Quando entramos pela delinqüência, quando caminhamos pelas vias da criminalidade, adquirimos distúrbios muito sérios para a nossa vida espiritual. Toda vez que ofendemos a alguém estamos dilapidando a nós mesmos, porque estamos conturbando o mundo harmonioso em que se processa a nossa vida; assim é que muitos espíritos, muitas pessoas amigas desencarnadas que tenho visto em sofrimento no Mundo Espiritual, ao reencarnar-se, o faz em condições mentais precárias, encontram-se em muitos graus de alienação mental, em muitos graus de enfermidade. André Luiz me diz que a nossa mente na vida natural libera substâncias químicas necessárias à preservação da nossa paz, no cumprimento dos nossos deveres na Terra. Porém, quando nós conturbamos o binômio alma – corpo, caímos em problemas espirituais muito difíceis. Assim é que muitos fenômenos da loucura e da obsessão, diz André Luiz, são atribuíveis à liberação anormal das catecolaminas, da medula, da suprarrenal, tanto quando dos seus outros depósitos no organismo e, assim, conseqüentemente, de seus produtos de metabolização, como sejam, a adrenolutina e o adrenocromo, cuja ação específica, interferindo na distribuição da glicose no cérebro, determina alterações sensoriais muito grandes, alterações estas que serão estudadas, com segurança, pela medicina psicossomática do futuro. Emmanuel, que entra como um evangelizador, diz que, por isso mesmo, Jesus afirmou: “O reino de Deus está dentro de vós”. Mas assim como o reino de Deus está dentro de nós, o reinado temporário do mal, ou das trevas está também dentro de nós, quando nos afeiçoamos às trevas. E, acrescenta, às relações de André Luiz, que “a Ciência e a Religião são as duas forças propulsoras e mantenedoras do equilíbrio na Terra. Sem a Ciência o mundo se converteria numa selva primitivista, sob o domínio da animalidade; mas sem a Religião, converteríamos a Terra num hospício de largas dimensões em que a irresponsabilidade caminharia em todas as direções”. Então, nós – os religiosos – e os cientistas vamos caminhando lado a lado, pois, com base na própria Ciência e segundo os ensinamentos religiosos de todas as raças, é do equilíbrio das nossas emoções que resulta a saúde perfeita, o corpo sadio. Uma pessoa, por exemplo, está no Mundo Espiritual em posição precária quanto à sua vida mental, e se reencarna em condições difíceis. Logo na primeira meninice aparece a esquizofrenia. Temos aí um caso que pode ser curável, conforme o merecimento espiritual da criatura. Curável porque o problema da emoção conturbada já desencadeou determinados distúrbios mentais que desregularizaram as fontes de distribuição das substâncias químicas do nosso organismo. Temos muita coisa para estudar no futuro. Todavia, podemos asseverar que o mal será sempre um fator desencadeante de doença, seja ele qual for. Peço licença para dizer que não estou falando por ter ciência de mim mesmo. Estou falando como uma pessoa que ouve dos Amigos Espirituais. Por exemplo, eles falam que a libertação anormal das catecolaminas, a que nos referimos, gera produtos de decomposição da adrenalina, como sejam, a adrenolutina e o adrenocromo. Vai se estudar muito a esse respeito, em matéria de psicologia e de psiquiatria, a fim de curar, pois estas doenças são todas curáveis, são sustáveis, podem ser paralisadas. Mas, eu digo não por mim, mas porque ouço André Luiz. Se estiver cometendo alguma impropriedade para os amigos laureados com títulos acadêmicos, que não possuo de forma alguma, peço perdão, como uma pessoa que está interpretando mal a palavra dos Espíritos. Os Espíritos me ensinam muita coisa, mas não tenho recursos para transmiti-las. Gostaria de ser uma pessoa com mais instrução, com mais valores culturais.
Qual a melhor profilaxia contra as obsessões?
Nossos Benfeitores Espirituais são unânimes em declarar que o estudo das obras de Allan Kardec para que venhamos a adquirir o conhecimento e a educação de nós mesmos é o passo inicial indispensável, porque precisamos sanar as obsessões que nos flagelam, sem herdar qualquer cativeiro à superstição e ao medo negativo, de que vemos muitos irmãos prejudicados, quando conseguem a suspirada melhoria psíquica em outros setores religiosos. Explicada a necessidade de Allan Kardec para o afastamento do processo obsessivo, temos na profilaxia respectiva, a oração e o serviço ao próximo na base de toda ação restaurativa. Quem quiser estudar, orar, cumprir com os próprios deveres e trabalhar em auxílio dos outros, principalmente daqueles que atravessam dificuldades e provações maiores que as nossas, alcança libertação e tranqüilidade, com toda certeza, porque os nossos adversários desencarnados são sensíveis às nossas palavras, mas só se transformam para o bem com apoio em nossas próprias ações.
Como podemos distinguir um surto psicótico de uma obsessão? Quais “sintomas” identificam uma ou outra ocorrências?
Os sintomas são muito próximos uns dos outros. A grosso modo, não se pode diferenciar. Somente com o acompanhamento sistemático persistente e acuidade clínico-doutrinário pode-se chegar a um diagnóstico.
O fato é que se sabe somente que era obsessão depois do tratamento por meio de passes e orações.
Fora isso ficam nossos irmãos nas internações sucessivas. Muitos dos chamados loucos sofrem é uma possessão como cobrança de um passado tenebroso.
Fontes:
Questões 1 à 13, do livro “A Terra e o Semeador” – Editora IDE, do livro “Entrevistas” – Editora IDE, do livro “No Mundo de Chico Xavier” – Editora IDE, do livro “Kardec Prossegue” – Editora UNIÂO, do livro “Lições de Sabedoria” – Editora FEB e do livro “Plantão de Respostas” – Editora CEU.