“A face de Jesus!… Desde a escola primária perguntava a mim mesmo como seria o semblante d´Ele, o Benfeitor Incomparável! Muito cedo, caminhei para a mediunidade e indagava dos Espíritos Amigos como seriam os traços fisionômicos do Senhor. Os Benfeitores Espirituais me determinavam procurá-los nas crianças doentes e desamparadas e nas pessoas abatidas, sofredoras, andrajosas ou feridas. Certa vez, meu pai impressionado com a minha persistência em recortar retratos do senhor de jornais e revistas, me perguntou:
— Chico, que nome terá Jesus no Céu?
Eu, que estava sempre induzido pelos Amigos Espirituais, a procurar a Divina Face nos sofredores e nos infelizes, imaginei que o Senhor, sendo o conforto e a providência dos tristes e dos desventurados, deveria ter no Alto um nome de luz e respondi:
— Meu pai, eu penso que no Céu Jesus se chama Alegria, pois todos os que sofrem na Terra estão esperando por Ele”!
“Quem trabalha pensando em aparecer, vai aparecer, mas o trabalho desaparecerá…”
“Vivemos sempre com o retrato que fazem de nós e com a nossa própria realidade interior. Temos de nos ajustar a uma e a outra. Aceito o mundo e os homens como eles são, e continuo eu mesmo. Só o tempo me deu esse equilíbrio. E isso não é fruto de santidade, como pensam alguns, nem de perfeição, como dizem outros – é fruto de experiência”.
“Não posso ser vaidoso de mim mesmo, pois tudo o que fiz não foi feito por mim mas pelos espíritos, devo a Emmanuel tudo o que sou”.
“Relevai-me se vos falo, assim, tão só com o meu sentimento, expresso em minha pobre linguagem entretecida com as lágrimas de meu agradecimento e admiração, mas é que sempre acreditei que Deus encerrou o coração entre as grades do peito, absolutamente desvalido das possibilidades de observação e autocrítica vigentes no cérebro, para que o sentimento ficasse neste mundo como sendo o veículo universal de manifestação do amor e do reconhecimento, acessível a todas as criaturas e a todas as formas de cultura”.
“Eu não passo de um cabide, meu filho, onde dependuram as homenagens de reconhecimento e de gratidão ao Espiritismo, e não a mim…”
“— Chico, qual a sua estação preferida?
— O verão. No verão o pobre sofre menos com o clima”.
Trecho do livro “Chico e Emmanuel” – Editora DIDIER – Carlos A. Baccelli.